Há indícios graves de envolvimento do ex-presidente.
A operação da Polícia Federal que prendeu seis pessoas e apreendeu o celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quarta-feira (3) abalou o cenário político nacional e aumentou as suspeitas sobre a possível participação de em uma organização que fraudava dados do sistema ConecteSUS.
Segundo as investigações da PF, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro e sua filha caçula teriam inserido informações falsas sobre a aplicação de vacinas contra a Covid-19 em seus perfis no aplicativo ConecteSUS, que permite gerar um certificado de imunização.A. A suspeita é que os certificados foram adulterados para permitir a entrada nos Estados Unidos, no fim do ano passado, quando Bolsonaro viajou para participar de um evento com apoiadores em Miami. Na época, o país exigia a comprovação de vacinação ou teste negativo para Covid-19 para os viajantes.
De acordo com o relatório da PF, quatro certificados de vacinação foram emitidos pelo usuário associado a Bolsonaro no ConecteSUS. Dois deles traziam informações sobre duas doses da vacina da Pfizer, que teriam sido aplicadas em novembro e dezembro de 2022. Esses dados foram excluídos do sistema em 27 de dezembro pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva, sob alegação de “erro”.
Os outros dois certificados não traziam mais informações sobre as doses da Pfizer, apenas sobre uma vacina da Janssen, que teria sido aplicada em 2021. Eles foram emitidos em 30 de dezembro de 2022 e 14 de março de 20231.
Um outro certificado também foi emitido da conta da filha caçula de Bolsonaro no aplicativo, no dia 27 de dezembro, em inglês. No dia seguinte, ela embarcou para os Estados Unidos, para onde o pai seguiu dois dias depois1.
Bolsonaro nega ter participado de fraudes e alega que não foi vacinado contra Covid. Ele também acusa o ministro Alexandre de Moraes de perseguição política e diz que a operação da PF é uma tentativa de intimidá-lo.
Os adversários políticos de Bolsonaro, porém, afirmam que há indícios graves de envolvimento do ex-presidente em um esquema criminoso que colocou em risco a saúde pública e a segurança nacional. Eles também cobram explicações sobre o papel dos assessores presidenciais e dos militares que foram alvos da operação.
Entre os presos estão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o PM Max Guilherme Machado de Moura, o secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias João Carlos de Sousa Brecha, o assessor do ex-presidente Sérgio Rocha Cordeiro, o sargento Luís Marcos dos Reis e o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros2.
O coronel do Exército Marcelo Costa Câmara e o deputado federal Gutemberg Reis (MDB) também foram alvos de mandado de busca2.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, a operação da PF revela um “escândalo sem precedentes” na história do país.
"É inacreditável que um ex-presidente da República tenha fraudado dados do SUS para viajar aos Estados Unidos sem se vacinar. Isso é um atentado contra a saúde pública e contra a soberania nacional.
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