A
esquerda espanhola em busca de uma nova chance.
Neste domingo, 23 de julho, os espanhóis
vão às urnas para decidir o futuro político do país, em uma eleição marcada
pela polarização entre a direita e a esquerda. O atual primeiro-ministro, Pedro
Sánchez, do Partido Socialista (PSOE), tenta se manter no poder com uma
coalizão de esquerda formada pelo Unidas Podemos e por partidos regionais e
nacionalistas. Do outro lado, o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, do
Partido Popular (PP), busca retomar o governo com o apoio da extrema direita do
Vox e de outras siglas conservadoras.
A eleição é a quarta em quatro anos na
Espanha, um país que vive uma crise política crônica desde 2015, quando o
bipartidarismo tradicional entre PSOE e PP foi rompido pela emergência de novas
forças políticas. Desde então, nenhum partido conseguiu formar uma maioria
estável no Parlamento, o que levou a sucessivos impasses e dissoluções.
A última eleição, realizada em novembro de
2020, deu a vitória ao PSOE, mas sem maioria absoluta. Sánchez tentou formar um
governo de coalizão com o Unidas Podemos, mas enfrentou a resistência dos
partidos de direita e dos independentistas catalães, que se opuseram ao seu
programa de governo. Após meses de negociações infrutíferas, Sánchez dissolveu
o Parlamento e convocou uma nova eleição.
Desta vez, porém, Sánchez parece ter
conseguido costurar uma aliança mais ampla e diversa, que inclui partidos
nacionalistas bascos e catalães, além de outras legendas de esquerda e
centro-esquerda. A coalizão se apresenta como uma alternativa progressista e democrática
ao avanço da direita e da extrema direita na Espanha.
O PP, por sua vez, aposta na liderança de
Feijóo, um político experiente e moderado, que governa a região da Galícia há
mais de uma década. Feijóo tenta se distanciar da imagem negativa do seu antecessor
no comando do PP, Mariano Rajoy, que foi deposto por uma moção de censura em
2018 após um escândalo de corrupção. Feijóo também busca atrair os eleitores
descontentes com a gestão da pandemia de covid-19 pelo governo socialista.
O Vox, que surgiu em 2018 como uma força
política minoritária e ultranacionalista, se tornou a terceira maior força
parlamentar na última eleição. O partido defende posições anti-imigração,
anti-feminismo, anti-aborto e anti-LGBTQIA+. O Vox também é contrário à
autonomia das regiões espanholas e à negociação com os separatistas catalães.
As principais propostas dos candidatos
Candidato / Partido / Propostas
Pedro Sánchez / PSOE / - Fortalecer o
Estado de bem-estar social com mais investimentos em saúde, educação e
previdência; - Promover a transição ecológica com medidas para reduzir as
emissões de gases do efeito estufa e incentivar as energias renováveis; -
Dialogar com os independentistas catalães dentro da legalidade constitucional
para buscar uma solução política para o conflito; - Defender a integração
europeia e a cooperação internacional;
Alberto Núñez Feijóo / PP / - Recuperar a
economia pós-pandemia com medidas de estímulo fiscal e apoio às empresas; -
Combater a corrupção com mais transparência e controle dos recursos públicos; -
Defender a unidade nacional e a soberania espanhola frente às ameaças
separatistas; - Reforçar a segurança pública e o combate ao terrorismo; -
Apoiar os valores da família tradicional e da liberdade individual;
Santiago Abascal / Vox / - Suspender a
autonomia da Catalunha e prender os líderes independentistas; - Deportar os
imigrantes ilegais e construir um muro na fronteira com o Marrocos; - Proibir
os partidos de esquerda e os sindicatos; - Eliminar as leis de igualdade de
gênero e de proteção aos direitos LGBTQIA+; - Sair da União Europeia e da OTAN;
As expectativas para o resultado
As pesquisas de intenção de voto apontam
para uma vitória apertada do PSOE, com cerca de 30% dos votos, seguido pelo PP,
com cerca de 25%, e pelo Vox, com cerca de 15%. O Unidas Podemos aparece em
quarto lugar, com cerca de 10%, e os demais partidos ficam abaixo dos 5%.
No entanto, nenhum partido deve obter a
maioria absoluta de 176 assentos no Parlamento, o que significa que será
necessário formar alianças para governar. A coalizão de esquerda liderada pelo
PSOE deve somar entre 180 e 190 assentos, enquanto a coalizão de direita
liderada pelo PP deve ficar entre 160 e 170 assentos.
Assim, tudo indica que Sánchez conseguirá
se reeleger como primeiro-ministro, mas terá que negociar com os seus aliados
as condições para governar. Entre os principais desafios que ele enfrentará
estão a recuperação econômica após a crise sanitária, a gestão da vacinação
contra a covid-19, a reforma fiscal e a questão catalã.
Feijóo, por sua vez, deverá se manter como
líder da oposição, mas terá que lidar com a pressão do Vox, que pode tentar
impor a sua agenda radical ao PP. Além disso, ele terá que reconstruir a imagem
do seu partido após os escândalos de corrupção e as derrotas eleitorais.
A minha opinião
Na minha opinião, a eleição na Espanha é
uma oportunidade para os espanhóis escolherem entre dois projetos políticos
distintos: um que aposta na democracia, na justiça social e na diversidade; e
outro que defende o autoritarismo, o neoliberalismo e o nacionalismo.
Eu acredito que a coalizão de esquerda
liderada pelo PSOE é a melhor opção para o país, pois representa uma
alternativa progressista.