domingo, 9 de julho de 2023

ARTIGO - A Tragédia do Reitor da UFSC: Justiça Tardia e os Culpados por sua Morte. (Padre Carlos)

 



O Caso do Reitor da UFSC e a Busca por Culpados

 


          Em setembro de 2017, o Brasil foi abalado pela trágica notícia do suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Cancellier foi alvo da operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, que investigava supostos desvios de recursos na gestão da instituição. Porém, recentemente, o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que não houve prática de irregularidades por parte do reitor. Essa nova informação levanta a questão: quem são os culpados por essa tragédia e como ficará essa história?

          É inegável que a morte de Luiz Carlos Cancellier de Olivo foi uma perda irreparável. O suicídio é uma questão séria de saúde pública, e devemos lembrar que existem organizações disponíveis, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferecem suporte emocional para aqueles que precisam. No entanto, além da questão da saúde mental, é preciso questionar as circunstâncias que levaram a essa triste situação.

          A operação Ouvidos Moucos, liderada pela delegada Erika Marena, resultou na prisão de Cancellier e de outros seis professores da UFSC. Embora o reitor tenha sido solto no dia seguinte, ficou proibido de frequentar a universidade. A acusação de desvio de dinheiro público e a exposição midiática foram golpes devastadores para sua reputação e carreira.

          A imprensa corporativa desempenhou um papel importante nesse caso, ao noticiar de maneira sensacionalista e irresponsável as acusações contra o reitor. Manchetes estampadas afirmavam que Cancellier era responsável por um desvio de 80 milhões de reais, quando na verdade esse valor correspondia ao custo total do programa em questão, sem qualquer prova de sua participação em desvios. Essa distorção dos fatos e a forma como foram apresentados ao público contribuíram para a humilhação e o estigma impostos a Cancellier.

          A pressão da acusação e a repercussão midiática tiveram um impacto profundo na vida de Cancellier, tornando-o impotente diante da pecha que lhe causaram. A universidade era sua vida, e ver sua imagem manchada dessa forma o afetou profundamente. As consequências psicológicas dessa situação foram agravadas pelo olhar acusatório das pessoas ao seu redor, o constante apontar de dedos e os muros da universidade pichados com mensagens ofensivas.

          É importante destacar que, segundo o TCU, não houve prática de irregularidades por parte do reitor. No entanto, essa conclusão chega tarde demais para Cancellier, que já não está mais entre nós para ver sua inocência reconhecida. Resta agora buscar respostas para uma pergunta crucial: quem são os verdadeiros culpados por essa tragédia?

          É necessário investigar e responsabilizar aqueles que contribuíram para a destruição da reputação e da vida de Luiz Carlos Cancellier de Olivo. A operação Ouvidos Moucos deve ser revista minuciosamente, analisando-se os erros cometidos e as possíveis violações de direitos que ocorreram. A imprensa também deve refletir sobre seu papel na propagação de informações imprecisas e no linchamento público de pessoas antes mesmo de sua condenação.

          Além disso, é fundamental que as instituições públicas e seus representantes sejam responsabilizados por suas ações. A condução de investigações e ações judiciais devem ser pautadas pela busca da verdade, pela garantia dos direitos fundamentais e pela preservação da dignidade dos envolvidos. A Justiça precisa agir com cautela e imparcialidade, evitando que vidas sejam destruídas por acusações precipitadas e pela falta de um devido processo legal.

          A morte do reitor da UFSC deve servir como um alerta para a necessidade de reformas e mudanças no sistema de justiça e na forma como a imprensa conduz suas reportagens. Precisamos de um sistema que garanta a presunção de inocência, que evite o linchamento público e que seja capaz de proteger a integridade física e psicológica das pessoas acusadas.

          O caso de Luiz Carlos Cancellier de Olivo não pode ser esquecido. Devemos aprender com essa triste história e lutar por uma sociedade mais justa, em que a verdade seja buscada de maneira equilibrada, respeitando os direitos de todos os envolvidos. Que a memória do reitor da UFSC seja um lembrete constante de que a justiça tardia não é justiça, e que não podemos permitir que vidas sejam perdidas

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