segunda-feira, 31 de julho de 2023

ARTIGO - A lista tríplice é uma ferramenta política que mina a independência do Ministério Público. (Padre Carlos)

 

A lista tríplice é um erro




        Desde 2001, a formação da Lista Tríplice para o cargo de procurador-geral da República se tornou uma tradição no Brasil. Inicialmente, essa prática visava atender ao desejo dos próprios procuradores da República, que buscavam indicar os profissionais mais qualificados para liderar a instituição. No entanto, ao longo dos anos, a tradição foi perdendo sua essência e passou a ser encarada como uma obrigação, minando a autonomia e a responsabilidade dos procuradores em exercerem seu papel com independência e imparcialidade.

        Um exemplo recente disso é o caso de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República. Ele e o grupo conhecido como "República de Curitiba" foram responsáveis por investigar e acusar políticos de esquerda, como Lula e Dilma Rousseff, criando as condições para um golpe político. A lista tríplice que elegeu Janot era composta por três membros do Ministério Público, sendo que os outros dois nomes eram procuradoras com experiência em Direitos Humanos e direitos indígenas. No entanto, a pressão corporativista e o preconceito de gênero prevaleceram, conduzindo a escolha de alguém que se tornaria um algoz do projeto de esquerda e da democracia.

        Esses fatos evidenciam que a lista tríplice não é um mecanismo independente, mas sim uma ferramenta política que serve aos interesses de grupos específicos. Situações semelhantes ocorreram também no STF, onde as divergências entre os ministros estão relacionadas à ideologia e à política. Observando os votos dos ministros Nunes Marques e Mendonça, percebemos como o bolsonarismo tem sido eficiente em escolher e mobilizar suas forças ideológicas.

        Diante desse cenário, é fundamental que o procurador-geral da República esteja alinhado com os interesses da maioria da população, defendendo os direitos humanos, a democracia e a justiça social. A lista tríplice se torna um perigo para a democracia, pois pode resultar na nomeação de um procurador-geral que não compartilha desses valores. Portanto, é hora de acabar com a lista tríplice e estabelecer um processo democrático para a escolha do procurador-geral da República.

        O Ministério Público desempenha um papel crucial na promoção de um estado para todos. Essa instituição é responsável por garantir a defesa dos direitos fundamentais, combater a corrupção e assegurar a justiça social. Para que isso ocorra de forma efetiva, é imprescindível que o Ministério Público esteja alinhado com o projeto de estado para todos, comprometido com o desenvolvimento do país e com a inclusão dos mais excluídos.

        Em resumo, a lista tríplice, que deveria ser um mecanismo para garantir a independência do Ministério Público, tem sido utilizada como uma ferramenta política que beneficia grupos elitistas e de ultradireita. Isso representa um perigo para a democracia, pois compromete a defesa dos interesses da maioria da população. É fundamental acabar com a lista tríplice e estabelecer um processo democrático para a escolha do procurador-geral da República, assegurando que essa instituição esteja alinhada com os valores da democracia, dos direitos humanos e da justiça social.

 


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...