domingo, 23 de julho de 2023

ARTIGO - Análise e Opinião: A Importância da Escolha nas Eleições Espanholas. (Padre Carlos)

  


A esquerda espanhola em busca de uma nova chance.




    Neste domingo, 23 de julho, os espanhóis vão às urnas para decidir o futuro político do país, em uma eleição marcada pela polarização entre a direita e a esquerda. O atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, do Partido Socialista (PSOE), tenta se manter no poder com uma coalizão de esquerda formada pelo Unidas Podemos e por partidos regionais e nacionalistas. Do outro lado, o líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP), busca retomar o governo com o apoio da extrema direita do Vox e de outras siglas conservadoras.

    A eleição é a quarta em quatro anos na Espanha, um país que vive uma crise política crônica desde 2015, quando o bipartidarismo tradicional entre PSOE e PP foi rompido pela emergência de novas forças políticas. Desde então, nenhum partido conseguiu formar uma maioria estável no Parlamento, o que levou a sucessivos impasses e dissoluções.

    A última eleição, realizada em novembro de 2020, deu a vitória ao PSOE, mas sem maioria absoluta. Sánchez tentou formar um governo de coalizão com o Unidas Podemos, mas enfrentou a resistência dos partidos de direita e dos independentistas catalães, que se opuseram ao seu programa de governo. Após meses de negociações infrutíferas, Sánchez dissolveu o Parlamento e convocou uma nova eleição.

    Desta vez, porém, Sánchez parece ter conseguido costurar uma aliança mais ampla e diversa, que inclui partidos nacionalistas bascos e catalães, além de outras legendas de esquerda e centro-esquerda. A coalizão se apresenta como uma alternativa progressista e democrática ao avanço da direita e da extrema direita na Espanha.

    O PP, por sua vez, aposta na liderança de Feijóo, um político experiente e moderado, que governa a região da Galícia há mais de uma década. Feijóo tenta se distanciar da imagem negativa do seu antecessor no comando do PP, Mariano Rajoy, que foi deposto por uma moção de censura em 2018 após um escândalo de corrupção. Feijóo também busca atrair os eleitores descontentes com a gestão da pandemia de covid-19 pelo governo socialista.

    O Vox, que surgiu em 2018 como uma força política minoritária e ultranacionalista, se tornou a terceira maior força parlamentar na última eleição. O partido defende posições anti-imigração, anti-feminismo, anti-aborto e anti-LGBTQIA+. O Vox também é contrário à autonomia das regiões espanholas e à negociação com os separatistas catalães.

    As principais propostas dos candidatos

    Candidato / Partido / Propostas

    Pedro Sánchez / PSOE / - Fortalecer o Estado de bem-estar social com mais investimentos em saúde, educação e previdência; - Promover a transição ecológica com medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e incentivar as energias renováveis; - Dialogar com os independentistas catalães dentro da legalidade constitucional para buscar uma solução política para o conflito; - Defender a integração europeia e a cooperação internacional;

    Alberto Núñez Feijóo / PP / - Recuperar a economia pós-pandemia com medidas de estímulo fiscal e apoio às empresas; - Combater a corrupção com mais transparência e controle dos recursos públicos; - Defender a unidade nacional e a soberania espanhola frente às ameaças separatistas; - Reforçar a segurança pública e o combate ao terrorismo; - Apoiar os valores da família tradicional e da liberdade individual;

    Santiago Abascal / Vox / - Suspender a autonomia da Catalunha e prender os líderes independentistas; - Deportar os imigrantes ilegais e construir um muro na fronteira com o Marrocos; - Proibir os partidos de esquerda e os sindicatos; - Eliminar as leis de igualdade de gênero e de proteção aos direitos LGBTQIA+; - Sair da União Europeia e da OTAN;

    As expectativas para o resultado

    As pesquisas de intenção de voto apontam para uma vitória apertada do PSOE, com cerca de 30% dos votos, seguido pelo PP, com cerca de 25%, e pelo Vox, com cerca de 15%. O Unidas Podemos aparece em quarto lugar, com cerca de 10%, e os demais partidos ficam abaixo dos 5%.

    No entanto, nenhum partido deve obter a maioria absoluta de 176 assentos no Parlamento, o que significa que será necessário formar alianças para governar. A coalizão de esquerda liderada pelo PSOE deve somar entre 180 e 190 assentos, enquanto a coalizão de direita liderada pelo PP deve ficar entre 160 e 170 assentos.

    Assim, tudo indica que Sánchez conseguirá se reeleger como primeiro-ministro, mas terá que negociar com os seus aliados as condições para governar. Entre os principais desafios que ele enfrentará estão a recuperação econômica após a crise sanitária, a gestão da vacinação contra a covid-19, a reforma fiscal e a questão catalã.

    Feijóo, por sua vez, deverá se manter como líder da oposição, mas terá que lidar com a pressão do Vox, que pode tentar impor a sua agenda radical ao PP. Além disso, ele terá que reconstruir a imagem do seu partido após os escândalos de corrupção e as derrotas eleitorais.

    A minha opinião

    Na minha opinião, a eleição na Espanha é uma oportunidade para os espanhóis escolherem entre dois projetos políticos distintos: um que aposta na democracia, na justiça social e na diversidade; e outro que defende o autoritarismo, o neoliberalismo e o nacionalismo.

    Eu acredito que a coalizão de esquerda liderada pelo PSOE é a melhor opção para o país, pois representa uma alternativa progressista.

 

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