Uma questão de justiça e dignidade
A votação do plenário virtual do
Supremo Tribunal Federal sobre o piso nacional da enfermagem está empatada em 2
a 2, com os votos favoráveis dos ministros Edson Fachin e Rosa Weber, e os
contrários de Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Ainda faltam seis ministros
para definir o destino de milhares de profissionais que atuam na linha de
frente do combate à pandemia de Covid-19 e que sofrem com a precarização das
condições de trabalho e a remuneração indigna.
O piso nacional da enfermagem foi
estabelecido pela Lei 13.708/2018, que fixou o salário mínimo dos enfermeiros
em R$ 7.315,00, dos técnicos de enfermagem em R$ 5.120,00 e dos auxiliares de
enfermagem e parteiras em R$ 3.657,00. No entanto, a lei nunca foi cumprida,
pois foi suspensa por uma liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski
em 2019, atendendo a um pedido da Confederação Nacional dos Municípios, que
alegou que a norma violava a autonomia dos entes federados e comprometia o
equilíbrio fiscal.
A liminar foi contestada pelo
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e pela Federação Nacional dos
Enfermeiros (FNE), que argumentaram que a lei era constitucional e necessária
para valorizar a categoria e garantir a qualidade da assistência à saúde da
população. Eles também apontaram que a enfermagem é composta majoritariamente
por mulheres, negras e pobres, que sofrem com a discriminação e a exploração no
mercado de trabalho.
O julgamento do mérito da liminar
começou no dia 23 de junho e deve terminar no dia 2 de julho. Até agora, apenas
quatro ministros se manifestaram, sendo que dois reconheceram o direito dos
profissionais da enfermagem ao piso nacional e dois negaram. Os demais
ministros têm até sexta-feira para votar e definir se a lei será finalmente
aplicada ou se continuará suspensa.
A decisão do STF é crucial para o
futuro da enfermagem no Brasil, que é uma das maiores forças de trabalho do
país, com mais de 2 milhões de profissionais registrados. Esses trabalhadores
são essenciais para o funcionamento do sistema de saúde e para o enfrentamento
da crise sanitária provocada pelo coronavírus, que já matou mais de 500 mil
brasileiros e infectou mais de 18 milhões.
A enfermagem merece respeito,
reconhecimento e valorização. O piso nacional é uma questão de justiça e
dignidade para esses profissionais que dedicam suas vidas a cuidar da saúde das
pessoas. O STF tem a oportunidade histórica de corrigir uma injustiça social e
garantir um direito legítimo da categoria. Esperamos que os ministros votem com
consciência e sensibilidade, em favor da enfermagem e da sociedade brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário