Qual o papel de Brasília na política nacional.
O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa,
causou polêmica ao afirmar, em um evento na Bahia, que Brasília é uma ilha da
fantasia e que a transferência da capital para o Planalto Central fez mal ao
Brasil. As declarações do ministro foram duramente criticadas por políticos e
representantes do Distrito Federal, que acusaram o ministro de desconhecer a
realidade da capital e de desrespeitar o povo brasiliense.
No entanto, este blog defende que Rui Costa
tem razão em sua análise e que suas palavras são um alerta para a necessidade
de uma reforma política que aproxime os governantes dos governados e que
combata a corrupção e o corporativismo que imperam na capital federal.
Não se trata de negar a importância
histórica e cultural de Brasília, nem de desconsiderar os problemas sociais e
econômicos que afetam parte da população do DF. Trata-se de reconhecer que
Brasília se tornou um símbolo de um sistema político distante da realidade do
país, marcado pelo patrimonialismo, pelo clientelismo e pelo fisiologismo.
Ela é uma ilha da fantasia porque abriga
uma elite política privilegiada, que vive em um mundo à parte, cercada de
mordomias e imunidades, alheia aos anseios e às demandas da sociedade. Uma
elite política que se beneficia de um modelo federativo centralizador, que
concentra recursos e poderes na União, em detrimento dos estados e municípios.
Uma elite política que se articula em torno de interesses corporativos e
partidários, que muitas vezes se sobrepõem aos interesses nacionais.
Uma
ilha da fantasia porque é palco de escândalos de corrupção que abalam a
confiança dos cidadãos nas instituições democráticas. Escândalos que envolvem
desde o desvio de recursos públicos até a compra de apoio parlamentar, passando
pela interferência indevida em órgãos de controle e fiscalização. Escândalos
que revelam a fragilidade do sistema eleitoral, que permite a influência do
poder econômico e das fake news nas campanhas. Escândalos que expõem a falta de
transparência e de compromisso com a coisa pública dos agentes públicos.
É nesta ilha da fantasia que se apresenta o
cenário de uma polarização política que paralisa o país e impede o avanço das
reformas estruturais que o Brasil precisa. Uma polarização que se alimenta do
ódio e da intolerância, que estimula o extremismo e o radicalismo, que
dificulta o diálogo e o consenso. Uma polarização que ignora os problemas reais
do país, como a pobreza, a desigualdade, a violência, a educação, a saúde, o
meio ambiente. Uma polarização que ameaça a estabilidade democrática e a paz
social.
Por isso, este blog apoia as declarações do
ministro Rui Costa e espera que elas sirvam como um estímulo para uma reflexão
crítica sobre o papel de Brasília na política nacional. É preciso romper com a
lógica da ilha da fantasia e construir uma nova lógica, baseada na participação
popular, na representatividade, na responsabilidade e na ética. É preciso
aproximar Brasília do Brasil real e fazer com que a capital seja um espaço de
cidadania, de pluralidade e de desenvolvimento.
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