A
festa da cueca que manchou a Justiça
O Brasil viveu nos últimos anos um dos
maiores escândalos de corrupção da sua história, que levou à prisão de
políticos, empresários e até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o
que muitos não sabem é que por trás dessa operação, batizada de Lava Jato,
havia também uma rede de chantagens, ilegalidades e interesses escusos que
comprometeram a imparcialidade e a credibilidade da Justiça
Uma das revelações mais chocantes sobre
esse caso veio à tona recentemente, quando o ex-deputado estadual Tony Garcia,
que atuou como delator e agente infiltrado do ex-juiz e hoje senador Sergio
Moro, contou em entrevista ao programa Boa Noite 247 que os desembargadores do
Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4-RS) foram chantageados depois
de participar de uma “festa da cueca” com garotas de programa em Curitiba (PR),
na época da Lava Jato.
Segundo Garcia, os desembargadores João
Pedro Gebran Neto, Victor Luiz dos Santos Laus e Leandro Paulsen, que
condenaram Lula em segunda instância no caso do triplex do Guarujá, foram
flagrados em uma suíte presidencial de um hotel na capital paranaense, onde
teriam se divertido com prostitutas contratadas por Moro e seus aliados do
Ministério Público Federal (MPF). As imagens dessa orgia teriam sido usadas
para coagir os magistrados a seguir a linha dura contra o petista e outros
alvos da operação.
Essa denúncia, que colocou o termo “festa
da cueca” entre os assuntos mais comentados do Twitter na manhã deste sábado
(3), é apenas uma das muitas provas de que a Lava Jato foi uma operação
política, que visava não apenas combater a corrupção, mas também criminalizar o
PT e impedir a candidatura de Lula nas eleições de 2018. Garcia afirmou que foi mutivado a procurar coisas contra o PT através do ex-deputado Eduardo Cunha, que
era seu amigo, e que cometeu uma série de ilegalidades a mando de Moro, como
gravar conversas sem autorização judicial e plantar provas falsas.
O ex-deputado disse ainda que denunciou
tudo isso à juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro na 13ª Vara Federal de
Curitiba após sua saída para assumir o Ministério da Justiça no governo
Bolsonaro. Mas ela teria engavetado as acusações e nada foi feito para
investigar os abusos cometidos pela força-tarefa da Lava Jato.
Diante desses fatos, é urgente que o Brasil
passe isso a limpo e que os responsáveis por essa farsa jurídica sejam punidos.
Não se trata apenas de fazer justiça a Lula, que já teve seus direitos
políticos restabelecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após a anulação
das suas condenações por suspeição de Moro. Trata-se também de defender o
Estado Democrático de Direito, que foi violado por uma operação que usou a lei
como instrumento de perseguição e manipulação.
A festa da cueca que manchou a Justiça é um
símbolo vergonhoso da decadência moral e ética de uma elite que se julga acima
do bem e do mal. É preciso que o povo brasileiro saiba a verdade sobre esse
episódio e que exija o fim da impunidade dos que se vestiram de heróis, mas que
na verdade eram vilões.
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