O Corpo de Cristo e os corpos dos homens e mulheres
Ninguém
sabe quantos brasileiros conhecem a razão por que hoje é feriado nacional.
Estou convicto de que esse número seja pequeno. Aliás, o mesmo se
deve com a maioria dos feriados religiosos e também os outros. O que mais
interessa já não é a referência do feriado, mas o feriado em si. Na base do
feriado que celebramos hoje, Festa do Corpo de Deus, está um banquete. Dois
banquetes marcaram o Ocidente. Um é O Banquete, de Platão, com todos aqueles
diálogos sobre o amor nas suas várias perspectivas. O outro é a Última Ceia de
Cristo, enquadrada também por um longo discurso sobre o amor e na iminência da
morte. Jesus tomou o pão e o cálice com vinho, pronunciou a bênção e disse:
"Tomai, comei e bebei, isto é o símbolo da minha vida entregue por amor e
salvação de todos."
Essas
celebrações lembravam a Última Ceia e também aqueles banquetes que Jesus tivera
ao longo da vida. Banquetes frequentemente escandalosos, pois Jesus comia e
convivia com pecadores e publicanos, marginalizados e gente de vida pouco
recomendável. Por outro lado, tornava-se por vezes um hóspede inconveniente e
até insolente, já que aproveitava a ocasião para denunciar a hipocrisia e o
modo de vida das pessoas.
A
Igreja Católica celebra, hoje, a festa do corpo de Cristo. A solenidade resgata
a sacralidade do corpo e a unidade do ser humano.
Foi
em meados da década de noventa, que ao celebrar esta data, Dom Celso Jose,
chamou a atenção dos fieis para a necessidade de humanizar a nossa fé.
Apesar da fé e da piedade dos conquistenses naquele ano, o Corpo de Cristo
tinha sido profanado. Seu Sangue verteu em dor e humilhação. Para mim essa não
teria sido uma quinta-feira de Corpus Christi comum.
Despertamos para o dia com o amargor intragável da violência cometida contra
dois jovens que ao serem assaltados, terminaram sendo mortos. Os assaltantes
fugiram com carro da vítima. Aquele assassinato teve uma grande repercussão na
cidade e diante disto, foi montado pelas polícias vários grupos de buscas ao
assassinos. Ao serem interceptados pelos polícias, trocaram tiros e foram mortos.
Até aí, parece um boletim policial do dia-a-dia, porém após a morte dos
assaltantes, os polícias passaram pela cidade em carro aberto mostrando aquele
corpo vazado com vários disparos, como se fosse uma caça ou um troféu e para o
espanto de alguns, recebia aplausos de parte da população. Os Corpos
daqueles jovens eram apresentados em carro aberto com orgulhos de seus
executores, a crueldade com os corpos era visivelmente desumana. As
responsabilidades do orgulho nefasto desses homens carregaram até hoje no nosso
inconsciente, quando não rompemos com o que existe de pior no homem: nossa
falta de humanidade. Profanaram o Corpo de Cristo, arrancando dele sua
dignidade e deixando, apenas, humilhação e terror.
Confesso
a vocês, que aquela homilia proferida por um pai espiritual como Celso José,
teve e ainda hoje tem para mim um significado profundo sobre o corpo e a
dignidade humana.
É impossível estarmos em comunhão com Jesus sem estarmos em comunhão com o
irmão. Não podemos perder nossa humanidade. Como disse Dom. Celso José: não podemos deixar o Corpo de Cristo ser
violado desta forma.
Padre
Carlos.
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Um comentário:
Tudo verdade, fico triste por as as pessoas quê não entendem,o dia de hj e anucia comercio aberto, obrigado Pe Carlos
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