Diálogo
inter-religioso e conversão das religiões
Há
quem anuncie o fim da religião. Outros, porém, constatam o seu regresso. Mas o
que é a religião? De onde emana? Pode-se ser religioso e ateu ao mesmo tempo?
Por que há muitas religiões? A religião está vinculada à violência? Qual o
lugar da religião na escola pública?
As sociedades são cada vez mais multiculturais e multirreligiosas. Tornou-se claro, como há anos vem proclamando Hans Küng*, que não haverá paz no mundo sem paz religiosa. Mas não pode haver paz entre as religiões sem diálogo inter-religioso e uma ética mundial.
As sociedades são cada vez mais multiculturais e multirreligiosas. Tornou-se claro, como há anos vem proclamando Hans Küng*, que não haverá paz no mundo sem paz religiosa. Mas não pode haver paz entre as religiões sem diálogo inter-religioso e uma ética mundial.
Segundo Lucrécio, “o medo criou os deuses”. Desde então, isso tem sido repetido, acrescentando a ignorância e a impotência, de tal modo que, com o avanço da ciência e da técnica, a religião acabaria por ser superada e desapareceria por completo.
Não na verdade não é uma força, o medo é uma fraqueza e dela que nascem os deuses e as religiões! Assim, queremos dizer que o homem pelo medo da morte e de todos outros fenômenos naturais, criou deus, uma imagem fictícia de si mesmo.
Antes do Vaticano II, para muitos católicos, era absurdo defender esta liberdade de religião, a cristandade não deixava que mantivessem um dialogo com os irmãos que professavam outro credo. A tese ortodoxa era simples: só a verdade tem direitos; a depositária da verdade e da sua defesa era a Igreja católica, fora da qual não havia salvação.
Assim como no caso do diálogo inter-religioso, a construção da unidade no cristianismo, isto é, do ecumenismo tem como pressuposto o reconhecimento da caminhada das igrejas cristãs e da sua manifestação de fé.
De fato, no Ocidente cristão, essa abertura ao outro, em grande parte imposta pelas condições históricas, deu também origem ao ecumenismo, uma exigência do pluralismo religioso no âmbito das Igrejas cristãs. Assim como no caso do diálogo inter-religioso, temos que buscar mais que um diálogo, temos que ter humildade e reconhecer e respeitar o sagrado do outro.
A declaração sobre a liberdade religiosa foi discutida, desde o início Concílio, mas teve de vencer tantos obstáculos, que só a 7-12-1965 é que foi aprovada. Hoje, é uma bandeira e, sem ela, estaríamos como as religiões que exigem liberdade para si no estrangeiro, mas que a negam onde são elas próprias a impor a lei. É a velha táctica: em nome das vossas leis, exigimos liberdade e auxílios especiais; em nome dos nossos princípios e do nosso regime religioso e político, temos de vos negar essa liberdade.
Nenhuma religião tem o direito de impor os seus dogmas, ritos e normas às outras confissões. Seria continuar uma violência execrável, mas se cada uma só pensar em manter-se, defender-se e expandir-se, o chamado diálogo torna-se uma simples capa para o proselitismo das mais aguerridas. Todas as religiões deveriam procurar descobrir de que reformas precisam para que as fronteiras do diálogo acontecessem no coração do homem.
Padre Carlos
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