sexta-feira, 31 de maio de 2019

ARTIGO | A moral como inimiga (Padre Carlos)





A moral como inimiga
           

            Uma questão que chama atenção dos cientistas político nos últimos tempos é como trabalhar no campo político sem desprezar a ética e a moral. Por melhor que seja a moral, ela jamais será compatível com a pureza do político honesto que idealizamos em nossos sonhos. Tudo isto nos remete a grade questão: O que é “honestidade”? Ela é comumente compreendida nos dias atuais, em sua vinculação com a veracidade da palavra, com o senso de justiça e o cumprimento das leis.
            É justiça legislar para uma minoria, enquanto a maioria da população fica a margem das políticas públicas? Explico: não basta o cumprimento das leis para garantir a correta aplicação dos recursos, já que é possível furtar dinheiro público legalmente. A serviço dos ladrões do erário encontram-se dispositivos legais como a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar no. 101, de 4 de maio de 2.000), que torna o pagamento à bancos prioritários em relação ao investimento em educação e saúde, por exemplo. Assim, muitos políticos, que apoiaram o golpe e financiam o ódio contra Lula e o PT, podem posar de honestos, simplesmente porque drenam milhões e milhões em verbas públicas para suas empresas privadas, mas o fazem de modo “legal”.

           Uma abordagem filosófica da atual situação política, só seria capaz através das leituras das seguintes obras: O Príncipe de Maquiavel e As mãos sujas de Sartre. Para vocês introduzirem estas leituras, não poderia deixar de citar Max Weber, para entender a ética do cientista, que é a verdade, e a ética do político, que é a ética das consequências dos atos.
            Não se faz política sem alianças e não se governa sem uma coalizão. Este é o manual da democracia burguesa. Neste jogo tem regras claras e quem não souber joga-las, não governa. Maquiavel nunca disse que o fim justificava os meios, esta frase foi atribuída a ele, por seus adversários ligados a Igreja.
            Há um momento na política, que é necessário fazer um cálculo entre custo benefício, para atingir nossos objetivos, é necessário fazer alguns sacrifícios e isto esta relacionada a fazer uma maioria dentro de um Congresso como o nosso.
            Durante a segunda guerra, os aliados tiveram que fazer alguns acordos com a máfia, para consolidar algumas posições dentro do terreno do inimigo. A grande questão desta abordagem é saber o que é pior, em nome da ética e das mãos limpas, não vamos sujar a nossa imagem? Vamos deixar a Europa ser sucumbida ao Nazi-fascismo ou fazer uma aliança com a Máfia, para acabar com o sofrimento de milhões de pessoas?
          
  Os paladinos da justiça querem combater a corrupção, mais não querem perder o auxílio moradia, mesmo tendo residência fixa. Querem combater a farra com dinheiro público, mais não abrem mão da mordomia do judiciário. A esquerda está com as mãos sujas por causa de um projeto político que tirou 38 milhões de pessoas da extrema pobreza, enquanto a direita suja as mãos para se beneficiar.
            Não podemos aceitar a corrupção nem defende-la, porém, jamais aceitaremos a volta do chicote nem da senzala. Minha ética é que todos tenham vida. ·.
Pe. Carlos
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