O Iluminismo e
seus inimigos
A tentativa da Inglaterra de sair da União Europeia
tem lavado a outros países a pensarem de forma individualista e as pessoas passam a falar com mais frequência de uma saída da França ou
da Itália do Mercado Comum Europeu. Esquece-se,
assim, que a UE foi fundada, antes de tudo, para prevenir outra guerra. Foi a
partir desse objetivo que os países se dedicaram a cultivar laços e fundaram um
mercado comum e uma união política e monetária. E esse projeto de cooperação
foi extraordinariamente bem-sucedido. Esta cooperação trouxe o período de mais
longa paz da História, e grande prosperidade. Não há lugar no mundo onde a vida
seja melhor do que na Europa Ocidental. Diante de tais fatos, compete ao
cientista e ao analista político tentar responder o que vem acontecendo no
velho continente e em alguns países das Américas.
A grande questão hoje
na cultura ocidental é a ressureição do nacionalismo. O nacionalismo é parte integral da
luta contra o Iluminismo. Com frequência, o nacionalismo radical começa a se
tornar um protofascismo ou um fascismo de fato. Isto acontece desde o século XIX.
Há duas concepções de nação: a primeira define
uma nação como um “conjunto de pessoas que vivem em um determinado território
delimitado por certas fronteiras e obedecem ao mesmo governo”. Essa concepção
da nação representou a tentativa heroica dos homens do Iluminismo de superar as
resistências da História e da cultura e afirmar a autonomia dos indivíduos. A
sociedade se forma como um agregado de indivíduos, os cidadãos.
Ao lado dessa visão
iluminista há outra visão de nação como
um corpo orgânico, onde o indivíduo não tem
interesses antagonísticos entre si. Esta tradição compreende os indivíduos como
presos à cultura nacional, baseada em uma língua e uma religião. O que emerge
daí é uma ideia de uma sociedade tribal, fortemente concentrada em um núcleo
racial, ligado a igrejas e a um passado. Fala de uma democracia iliberal, o que
é algo que não existe. A democracia é liberal, ou não é. O que esconde por trás
dessa expressão é o fim da liberdade de expressão e da nação vista com uma comunidade de cidadãos, que podem definir os seus
próprios destinos.
Fazendo esta abordagem e tentando chamar atenção para
o que se passa no mundo e especialmente no Brasil. Não podemos negar a
engenhosidade desta elite que chega ao poder, estamos presenciando a tentativa
de destruição dos valores liberais sem tocar na economia liberal. Ataca-se, assim,
a liberdade e os direitos humanos, sem fazer qualquer mudança na estrutura da
economia capitalista.
O seu poder vem de
apelos a tudo o que divide as pessoas, como a História, as culturas e a
linguagem, em contraposição a tudo o que as une — suas condições como seres
racionais, com direitos fundamentais.
O Estado, nas democracias liberais, existe para fazer as vidas dos indivíduos melhores e mais felizes. Conservadores liberais, socialistas liberais ou social-democratas entendem que os direitos sociais têm o objetivo de melhorar a vida das pessoas. A sociedade e o Estado não devem ter outro propósito senão melhorar a vida dos indivíduos e fazê-los mais felizes.
O Estado, nas democracias liberais, existe para fazer as vidas dos indivíduos melhores e mais felizes. Conservadores liberais, socialistas liberais ou social-democratas entendem que os direitos sociais têm o objetivo de melhorar a vida das pessoas. A sociedade e o Estado não devem ter outro propósito senão melhorar a vida dos indivíduos e fazê-los mais felizes.
Neste sentido,
podemos considerar que
neoconservadorismo brasileiro não são conservadores de fato, mas revolucionários. Querem destruir as conquistas que
tivemos ao longo do séc. passado, das conquistas trabalhistas da dec. de 30 a
constituição de 1988, tudo aquilo que a nossa democracia se propõem a
oferecer e, substituindo a liberdade e a igualdade pelo nacionalismo, construir
um mundo diferente. Não querem tornar os indivíduos mais felizes, mas diferente da sua vertente
europeia, que é nações mais poderosas, aqui nosso papel é vender as nossas riquezas, nos tornando submisso ao
interesse do capital estrangeiro.
Não podemos esquecer que a grandeza do Iluminismo é a
partir da premissa racional de que todos os indivíduos são iguais e tem
os mesmos direitos sociais e políticos baseados
na razão.
O atual governo representa a continuação da luta contra a filosofia do Iluminismo — e, com ela,
contra o Estado de bem-estar social, contra a democracia e contra os valores da
liberdade, da igualdade.
Padre Carlos
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