quinta-feira, 30 de maio de 2019

ARTIGO | Ciro e a sede de poder (Padre Carlos)

Ciro e a sede de poder


Protagonista é a personagem principal de uma narrativa, assim, podemos definir que PT como força hegemonizada da esquerda por três décadas, é o grande protagonista da esquerda brasileira, apesar desta hegemonia está desgastada.
            Diante de tais fatos, podemos constatar uma luta dentro das forças progressistas. O PT, maior partido na Câmara com 56 deputados eleitos e força hegemônica, tem desempenhado este papel de liderança, apesar dos aliados quererem também ocupar tal função no projeto de governo. Mesmo com todo este capital político, PT e Lula, vêm enfrentando críticas do ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) ao Partido dos Trabalhadores e, por interessar as forças de direita, estas ofensas passam a ganhar holofotes. Isso porque, na noite de segunda-feira (27), durante o 1º Congresso Nacional das Policiais Antifascismo, em Pernambuco, o pedetista criticou Lula e seu partido, e trechos de sua fala viralizaram nas redes sociais. Um desses momentos foi quando Ciro discursava ao lado da deputada petista Maria do Rosário, também presente à mesa de debate. O ex-governador do Ceará disparou a frase "unidade é o cacete", em referência à ideia de que políticos de centro e de esquerda precisam se unir, devido ao atual momento do país.  São cada vez mais evidentes estas reais intenções deste coronel de Sobral em querer dividir as esquerdas e acabar com a liderança do PT, isto é o que podemos constatar no interesse de Ciro Gomes em alimentar e consolidar esta disputa que vem se concretizando com um único objetivo de ser o grande personagem desta narrativa.
            O objetivo do ex-presidenciável, é que não tenha nenhuma força hegemônica que possa atrapalhar seus planos para 2022 e desta forma, ele busca insolar o Partido dos Trabalhadores e transformá-lo em um mero coadjuvante dos futuros acontecimentos da história política. Pensando nesta lógica, a entrevista concedida ao jornal espanhol, El País, é um ataque frontal ao Partido dos Trabalhadores. Podemos definir como o maior confronto entre o ex-aliado e os petistas. Com um discurso de alinhamento as forças fascistas, buscando caracterizar o PT como uma organização criminosa. A lógica da república de Sobral é fragilizar o PT no campo da esquerda e abandonar seu antigo aliado para ser aniquilado pelo fascismo.
          
  Bolsonaro sabe que seu grande adversário é Lula e seu partido, por isto, não poupa agredir e caluniar o PT e o seu projeto. Sabendo disto, Ciro chama pra si este papel de Joaquim Silvério dos Reis.
            Desta forma, pensava a Social-Democracia alemã, ao fechar os olhos e tornasse omissa quando Hitler perseguia e exterminava os comunistas alemães. Achava estes sociais democratas, que o pós-Nazismo não demoraria e que com a saída dos vermelhos da cena política, seria mais fácil chegar ao poder. O que Ciro esquece, é que aqueles que enganam, mente e pratica a falsidade e a traição como forma de crescer politicamente, um dia terá que prestar contas aos eleitores.
            Esta é a lógica de Ciro Gomes e o que mais nos espanta, é que por oportunismo, setores da esquerda venham alimentando os desejos de poder deste homem.
            Diferente do presidente do seu partido, que se reuniu com Lula em Curitiba e já traçam uma frente das esquerdas contra a onda de extrema-direita que assola o país. Para o presidente do PDT, Carlos Lupi, Lula é seu amigo há mais de 35 anos, além disso, é vítima de uma injustiça. “Julgo que Lula está sendo vítima de uma grande injustiça. Vi-o muito bem, forte, lúcido, olhando o futuro do Brasil, preocupado com os mais pobres, que estão sofrendo muito com o desgoverno que está aí, esse presidente que está a serviço de interesses internacionais”. Para concluir sua avaliação sobre Lula, ele diz: “O presidente Lula ainda tem muito a fazer pelo povo brasileiro”.
            Desta forma, podemos afirmar que Ciro ao criar uma imagem negativa de Lula e do PT, se isola cada vez mais do campo da esquerda e do seu próprio partido.


Padre Carlos.

Um comentário:

Bom Ambiente de Trabalho disse...

Parabéns meu camarada Padre Carlos pela lucidez contida na tua análise. Acho que uma aliança pressupõe a diferença de opinões. Mas nunca a agressividade praticada pelo Sr. Gomes, que, em nome das suas mágoas pessoaispodecorrentes de posicionamento petistas, com os quais até podemos divergir, mas, concordo contigo... é inaceitável a conduta articuladas e reiterada do Sr. Gomes contra Lula e oglotioso Partido dos Trabalhadores!

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