À esquerda e as ruas!
Uma das coisas que chamou minha atenção nos últimos anos foi à
indiferença e apatia não só do povo como já era esperado, mas pelo movimento
popular, pela CUT, MST e a Igreja Católica, em relação aos ataques as
conquistas não só trabalhistas, mas direitos que representam a vida. As ruas,
as manifestações, sempre foram uma ação da esquerda. Com as manifestações de
2013, podemos presenciar a troca de espaços político e uma presença da direita
brasileira ocupando espaços que até pouco tempo era de exclusividade dos
socialistas e do movimento estudantil. Pensei que tínhamos perdidos a
capacidade de mobilização. Às vezes me perguntava: será que a Sociedade Civil e
os indivíduos concluíram que a democratização da sociedade não mudou
essencialmente as suas vidas? Como não há bem
que sempre dure, nem mal que nunca se acabe, aconteceu felizmente o reencontro
da esquerda brasileira com os movimentos de massa. As manifestações contra o
fascismo têm levado ao surgimento de um novo movimento estudantil e de um
sindicalismo menos fragmentado. Mas, infelizmente isto não é tudo.
Para a maioria dos eleitores, a política é algo ausente do seu
cotidiano. Eles vivem o dia-a-dia e ponto. Parece que a política não lhes diz
respeito. Até torcem o nariz quando alguém fala deste assunto. Mas estas mesmas
pessoas aparentemente indiferentes muitas vezes surpreendem. Se hoje fazem
arminha dentro das igrejas, na década de 1980, foram às ruas e praças públicas
para reivindicar, democracia e liberdades políticas.
Hoje, acredito que a indiferença e apatia estejam dando lugar a uma i
Não é novidade que os políticos há muito padecem da rejeição popular. O
mesmo se pode afirmar quanto às instituições políticas. Aliás, diga-se de
passagem, e talvez em favor dos políticos tupiniquins, isto não se restringe ao
Brasil. Em todo lugar, estas classes ‘gozam’ da antipatia e descrédito dos
eleitores.
Para os humoristas, não falta assunto para ironizar os políticos e os
responsabilizam pelas desgraças. Ironia à parte, os comediantes populares
apenas expressam o que o senso comum pensa sobre a política. Mesmo com o voto
obrigatório, muitos nem comparecem às urnas e aumenta a soma dos votos nulos e
brancos. Ainda que consideremos apenas os que votam, vemos que a maioria dos
eleitores ‘desligam-se’ da política quase que simultaneamente à declaração dos
resultados oficiais.
O eleitor comum tem razões
justificáveis para negar a política. A própria atuação dos políticos contribui
para a sua execração. Aliás, observe que mesmo sendo criado o fundo eleitoral com dinheiro público que impõem
limite de gastos para campanhas de candidatos a presidente, governador, senador
e deputado, sabem que a relação de promiscuidade do público com o privado vai
continuar. Desta forma, podemos entender que o financiamento de algumas
candidaturas sempre contará com o apoio e simpatia do mercado, afinal política
é a verdadeira luta de classe. Será que eles realmente defendem o
bem comum? Ou, prioritariamente, eles defenderão interesses próprios e dos grupos
econômicos que os representam? Isso sem contar os casos onde os representantes
diretos destes grupos se elegem com um discurso em favor do povo. Sempre o
povo! Qual o maior interesse dos políticos em geral? Se reeleger. Por isto, foi
de fundamental importância o reencontro com os movimentos de massa e as ruas. O povo tem que sentir seu poder e perceber que
indo para as ruas fará a diferença, sempre ordeira, democraticamente, sem
afronta, e sem temor. Lembro-me do político íntegro Ulisses Guimarães e de uma
frase que marca perfeitamente esse distanciamento da esquerda nestes últimos
tempos com as ruas. Ulisses Guimarães disse: “Só o povo nas ruas mete medo em
político”. E me permito completar: medo da verdade!
Padre Carlos
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