A tolerância como inimiga
Quando estudamos
filosofia, nos deparamos com alguns questionamentos: Em uma sociedade democrática
pode existir espaço, onde é legítimo dizer ou fazer tudo em nome da liberdade
individual?
No sábado, em Sófia, Bulgária, cerca
de duas mil pessoas desfilaram ostentando suásticas e símbolos dos SS nazis.
Este não foi um fato isolado: na última década o extremismo ideológico proliferou
em todo o Ocidente, transformando situações supostamente isolada e sem grande
impacto de pequenos grupos numa rede política, onde encontramos forte apoio
financeiro de setores da sociedade. Seu grande objetivo é a criação de uma rede
de partidos nacionalistas - uma primavera mundial de extrema direita.
Sob o totalitarismo extremista de Direita,
os discursos de ódio proliferam atacando os fundamentos do Estado democrático
com picos de violência brutal como as "caçadas aos imigrantes" nas
ruas da cidade alemã de Chemnitz. Os partidos do eixo democrático retraem-se e
os extremismos ganham confiança em cada investida perante a incapacidade ou
complacência de quem devia atuar denunciando estes crimes, infelizmente nos
deparamos sempre com uma Imprensa leviana.
A tolerância é um valor central das
sociedades democráticas, um pilar dos direitos humanos. Nesse sentido, podemos
afirmar que não há liberdade individual
fora de uma "sociedade aberta", pois é através da prática democrática
e das leis que a consagram e protegem que a convivência e a liberdade se
estruturam. As democracias são sociedades plurais que tem dentro do seu seio os
conflito de interesses e ideias, onde, inclusive, tendências antidemocráticas
podem encontrar espaço. Como filósofo, podemos afirmar que o aparente paradoxo
da intolerância tem suas raízes aqui: uma postura de atentado das liberdades
individuais e por isto, devemos combater de forma aberta para serem contidas em
nome da tolerância.
Padre Carlos
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