sexta-feira, 14 de junho de 2019

ARTIGO | Sartre e o Brasil (Padre Carlos)



Sartre e o Brasil


            Um dos mais influentes intelectuais do século 20, escritor, dramaturgo, ensaísta, crítico literário, agitador político e intelectual engajado, Sartre consegue mais do que ninguém encarnar, em pleno pós-guerra, a figura do polemista em sintonia com seu tempo. Como filósofo e intelectual, Criou um movimento filosófico que teve enorme influência na cultura europeia de meados do século 20.
            Desta forma, podemos constatar uma influencia em toda uma geração que se estende de meados da década de quarenta ao final da década de sessenta, exercendo assim, dentro e fora da França uma representação das propostas libertarias da sua época. Para ilustrar o que estou falando, basta lembrar a visita que fez ao Brasil, entre os dias 15 de agosto e 1º de novembro de 1960.
 
           O contexto histórico, em que se dar esta visita é de grande efervescência social, política e intelectual, nos planos mundial e nacional, Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre visitam o Brasil, sempre na companhia do grande amigo do casal, Jorge Amado, é preciso deixar claro, que esta viagem, não teve conotação alguma de uma visita turística. Paralelamente à Guerra da Argélia, a primeira revolução socialista americana ocorria em Cuba, em 1959, liderada por Fidel Castro e Che Guevara, também, com grande repercussão mundial e com particular interesse à esquerda intelectual brasileira e aos movimentos sociais que ocorriam na cidade (movimentos de intelectuais, artistas e de estudantes) e no campo (as Ligas Camponesas nordestinas e os dos posseiros de Santa Fé do Sul, em São Paulo) Não podemos esquecer que o projeto desta viagem se deve em parte aos intensivos convites de Jorge Amado ao casal, fruto de uma amizade construída nas fileiras do Partido Comunista.
     
      
Sartre visita o Brasil no momento em que este passa a viverem profundas transformações e elementos de natureza política, econômica, social e cultural. Nesse período, a tônica governamental, fortemente representada pelo mandato de Juscelino Kubitschek, era a de promover a modernização do país. Nesse sentido, a industrialização e a urbanização eram os elementos centrais de alguns discursos e ações da época. 

       
    
Numa célebre entrevista, Sartre revelou sua visão crítica de nossa realidade proclamando que “a verdade do Rio de Janeiro são as favelas”. Em Salvador, Sartre participaria de rituais de Candomblé e, do sul do país, chegou a visitar Porto Alegre. Não havia nenhuma contradição no fato de Sartre ser ateu e socialista e querer conhecer a diversidade cultural de um povo. Este é o verdadeiro papel do filosofo, conhecer seu povo para poder entender os conflitos e dialogar os problemas para que juntos possamos encontrar soluções para as questões da nossa existência.




Padre Carlos


Nenhum comentário:

ARTIGO - A geração que fez a diferença! (Padre Carlos)

A geração que fez a diferença!      Decorridos tantos anos do fim da ditadura, observa-se que a geração da utopia está partindo e a nova...