domingo, 30 de junho de 2019

ARTIGO - O amor de um pai ( Padre Carlos )




O amor de um pai



            A partir do momento em que minhas duas filhas chegaram ao mundo minha vida se transformou totalmente. É como se uma parte de mim passa-se a partir daquele momento a viver separado do meu corpo, independente e frágil.
  
          Quando elas eram pequenas tinha muito medo, eram frágeis se tornara uma parte de mim desprotegida e que precisava de amor, carinho e atenção, eram tão dependente, que me tornara naquele momento em um herói e no senhor do mundo. Tinha um medo constante que algo de terrível pudesse acontecer com elas. Depois que elas cresceram, pensei que este sentimento desapareceria, engano meu, o medo cresceu junto com elas.
Tento proteger a vida inteira, mas agora é mais difícil, elas precisam de liberdade e um gesto de confiança da minha parte, vocês não sabem o quanto para mim é difícil, mas pelo menos tenho tentado. Sei o quanto fui incoerente com os conselhos dos meus pais, ah! Se tivesse ouvido mais!
            Eu jamais imaginei que este amor fosse tão grande e profundo, diferente de tudo que até então tinha vivido. É tão intenso que muitas vezes me desespero só em pensar que uma delas esteja em uma situação de risco. Os outros sentimentos diante deste, parecem tão menores que não posso comparar. É um amor sofrido, de abnegação, com infinitas alegrias e também tristezas e felicidade.
             Li um dia destes que Deus nos dá os netos para adoçar a velhice, acho que isto se encacha bem para ser pai depois dos cinquenta. Sim, nunca me esqueci deste texto. Mas hoje tenho duas filhas muito antes de atingir essa fase da vida.  Assim, ao amar os filhos, o medo, as alegrias e tristezas são acompanhadas pela vivencia de toda uma vida.
            Mesmo quando estamos longe, estamos por perto. A vida de hoje é difícil em todos os aspectos, e os pais trabalham e tentam ajudar os filhos, buscando sempre preencher o vazio desta ausência.

           E perante uma realidade tão adversa, as nossas preocupações já não terminam quando eles passam a levar os estudos a sério. O medo do desemprego, na ausência de futuro sempre vai está presente. Contudo em momento algum trocávamos esta vida de lutas e dores. Porque é isso que constitui este amor, ele é maior que a vida e maior que a morte.


Padre Carlos


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