domingo, 9 de junho de 2019

ARTIGO |O desmonte do Estado brasileiro!(Padre Carlos)



O desmonte do Estado brasileiro



            Quando estudamos filosofia política, nos deparamos com uma constatação impressionante, a respeito dos regimes autoritários. Assim, descobrimos que os ditadores nascem dentro dos regimes democráticos e têm votos. E por sinal, muitos votos. Não podemos negar que eles participam do processo eleitoral: são eleitos de forma soberana e popular. Mas não são democráticos, porque lhes faltam o seguinte requisito fundamental da democracia: o primado da lei. E, dentro do primado da lei, o respeito pelas instituições democráticas, pelos direitos humanos, pelas garantias e pelas liberdades. O fato de poderem mudar as leis para compatibilizar com o seu poder autoritário não os faz menos ditadores, porque as novas leis já estão ao serviço do seu poder e não da democracia e da liberdade.
     
       O que gostaríamos aqui de dizer para as pessoas que nos acompanham, e que não há grande mistério nem complexidade neste processo que vem se dando aqui no Brasil, é evidente a forma como está se dando o desmonte do estado de direto e da democracia por dentro.
            O que me impressiona mais e ver a inercia das forças democráticas e o oportunismo de algumas lideranças. Com este comportamento, termina legitimando o estado fascista do ódio e do medo que acompanha a ação política do novo ditador. Todos sabem o que está acontecendo, mesmo assim, podemos ver a hipocrisia de pseudos democratas arranjando pretextos para não combater o fascismo.
            Não estamos vivendo nenhum fato novo. "Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la". Aconteceu com Hitler, com Mussolini, com Generalíssimo Franco com Salazar, todos em vários momentos das suas carreiras tiveram ou teriam a maioria do voto popular.
            Os nazis conseguiram chegar ao poder com o voto popular, tornando-se o maior partido alemão. Mas em todos estes casos as eleições já revelaram o abuso do poder, como vimos aqui nas últimas eleições, mesmo que isso pudesse não alterar a maioria dos votos. A violência política dos fascistas antecedeu os seus resultados eleitorais (no caso do Brasil) e a generalizada manipulação do direito de voto, tornando inelegível qualquer candidato que viesse ameaçar o projeto em curso. Aquele que enverga a toga representa a Justiça.
            Este simbolismo de usar a toga é tomar parte da comunidade daqueles que devem dizer o que é justo. Não para fazer política nem tomar partido. O primeiro passo destes ditadores para consolidar seu poder, é essencialmente a apropriação do poder judicial, o ataque à sua independência, não só para garantirem a sua imunidade, bem como para implantar suas políticas contra os mais pobres.  Desta forma, o novo regime encontrou em  Dias Toffoli a toga para liderar uma grande aliança do regime político contra o povo trabalhador. Um novo pacto junto ao congresso, os grande capitalistas, o supremo, “com tudo”, especialmente Bolsonaro, para terminar de implementar ataques como a Reforma da Previdência e a entrega das nossas riquezas ao imperialismo.
            O que Bolsonaro está fazendo, dando o poder político da Justiça a um juiz envolvido no processo de corrupção dos seus adversários, lança uma luz sinistra sobre esse processo e toda força tarefa no que diz respeito a sua imparcialidade.
         
   Destruindo todas as instituições de mediação, o poder torna-se autoritário e quem o ocupa na verdade são as elites mais reacionária deste país. Elas se agruparam em torno do PSDB nestes últimos anos e apesar de não gostarem deste regime pelo medo destas ações fugirem do controle, pouco se importam com os crimes destes, por eles fazerem o trabalho sujo de eliminar todo e qualquer adversário do sistema. Não podemos nos enganar, este projeto maligno tem que ser combatidos, sem hesitações nem transigências. A melhor expressão ainda é a “resistência” .


            Padre Carlos


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