Meu legado, meus amigos!
Os dias se entrelaçam uns
nos outros. Como teias de arranha. Como o fio que se dobra e se perde a ponta do
carretel de linha e ninguém consegue descobrir. As noites são tão longas que parecem não ter
fim. O tique-taque do relógio acompanha as batidas do meu coração num silêncio
terrível. Escuro e profundo. É assim a
vida sem sonhos é assim a vida sem utopia.
Quando estamos
profundamente tristes, a única salvação para minha alma é a amizade. Pensava
que seria o amor, mas este pede para comparar, para medir, pede explicações e
exige saber se o que demos é igual ao que recebemos. E depois de todas as
contas, no amor saímos sempre perdendo. Mas a amizade, quando é pura, quando é
verdadeira, é o melhor remédio para encontrar motivos de continuar existindo.
Basta saber que contamos com alguém. Que existe um ser humano a quem podemos
procurar qualquer hora às vezes de madrugada só para dizer da dor do vaio que
queima a nossa alma.
Um gesto enorme um ombro amigo alguém que me escuta
e entende a minha dor. As ilusões perdidas. A saudade do que fomos um dia e a
lembrança dos amores que se perderam no tempo. A amizade é outra forma de amor.
Talvez a mais perfeita de todas as formas e de todos os amores. É gostar de
alguém a tal ponto que nos esquecemos de nós. É aceitar o outro reconhecendo todos os defeitos e mesmo assim estar
lá ao seu lado. Estar sempre disponível.
Padre Carlos
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