terça-feira, 18 de junho de 2019

ARTIGO | Somos um país de Macunaímas ? (Padre Carlos)





Somos um país de Macunaímas ?


            Causou-me uma profunda tristeza ao constatar através das notícias e vazamentos de conversas dos procuradores e do juiz responsável pela operação da Lava-Jato, que somos verdadeiramente um país de Macunaímas (o herói sem caráter, lembram?), pois ao aceitarmos passivamente esse estado de coisas erradas que aqui acontecem somos, pelo menos, coniventes.
           Nestes últimos dias, venho me perguntando por que o sistema de justiça no Brasil se calou diante de tantas evidencias que algo não cheirava bem em Curitiba. Assim para responder estes meus questionamentos foram buscar na cultura brasileira alguns elementos para poder tentar entender os fatos que hoje são revelados pelo site
The Intercept.

           Sem uma escala de valores que oriente a nossa vida e o nosso procedimento moral, não podemos ser felizes e não podemos criar um mundo feliz. Não podemos, por exemplo, tratar os nossos superiores com lisonja e os nossos subordinados com desprezo. Não podemos subir na vida com adulação e tramoias, pois isto deixa sempre um rastro de humilhação na pessoa.·.
            Se confirmado o comportamento das pessoas envolvidas em investigar e julgar os processos que condenou o Presidente Lula, teremos que rever não só o comportamento da força tarefa, mais todo o código de ética que rege a sociedade.
            O que teria levado a justiça brasileira a cometer deslizes de conduta na Operação Lava-Jato? Por que o brasileiro fica indignado com a grande corrupção e pratica pequenos delitos?  Quando os escândalos de corrupção são expostos pela mídia, cria no imaginário do povo simples e trabalhador, um cotidiano promíscuo e corrupto de políticos, funcionários públicos e cidadãos, todos envolvidos em atos ilícitos, provoca na cultura brasileira o desejo de desforra, de querer participar da festa. Estas insatisfações muitas vezes provocadas intencionalmente em doses diárias têm por objetivo criar na classe média uma ligação psicológica com os justiceiros e salvadores da pátria, para justificar suas ações ao arrepio da lei.·.
          
  Entendendo estes atos e as motivações para estes comportamentos, poderemos então identificar e buscar resolver as grandes questões éticas e morais que sempre representou um empecilho para passarmos não só o comportamento do magistrado brasileiro, mas todo este país a limpo.
            Qual a nossa grande tristeza, qual a nossa grande decepção? Diante de tantas dúvidas, podemos nos apegar as palavras do grande Santo Agostinho (354-430) “Teus pecados são a tua tristeza, deixe que a santidade seja a tua alegria”.·. 


Padre Carlos


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