domingo, 30 de junho de 2019

ARTIGO - O MPF e a síndrome de Tomé ( Padre Carlos )




O MPF e a síndrome de Tomé


            Neste artigo, não vamos tratar de questões de fé e sim de justiça, por isto, sua natureza é falíveis e, também, imprevisíveis. Nesses casos, é prudente ver para crer! Mas por que as pessoas querem tocar, ouvir e se possível, até sentir para acreditar? O que esses sentidos oferecem que a constatação por si só dos fatos não é capaz de oferecer?
            Os filósofos, desde René Descartes (1596-1650), notaram que os sentidos proporciona "um senso de realidade" e nos faz sentir em contato com o mundo externo.   O fato é que nossa tendência a "checar os fatos" nestes tempos em que a tecnologia tem a primazia da verdade nos leva a duvidar se não pudermos ver ou ouvir as provas.  Só aceitamos e acreditamos em todas as evidências que o site The Intercept vem trazendo a publico, se entre os conjuntos de provas estiver arquivo de voz. Somos condicionados a agir desta forma em relação às informações, mesmo com todas as evidencias se não aparecer o vídeo ou a voz, para os incrédulos não tem validade.
             Diante da conjuntura que se formou com as revelações do site The Intercept na madrugada deste sábado (29. jun), onde novos trechos de conversas entre procuradores do MPF (Ministério Público Federal) que integram a força-tarefa da operação Lava Jato, não podemos mais fechar os olhos e achar que nada esta acontecendo. A gravidade dos diálogos revela a atuação do então juiz federal Sergio Moro em relação a sua parcialidade e deixa claro o que o MPF pensava com relação a sua ida para o Ministério da Justiça. Sim, para uma sociedade que tem o mínimo de respeito as suas leis, a presença por si só do ex-juiz no governo que ajudou eleger com seus atos, já demostraria a parcialidade da justiça. Foi pensando nos argumentos corporativistas da imprensa e do Ministério Público, que deixou claro para mim, que estamos vivendo e sofrendo da síndrome de Tomé, para legitimar todas as arbitrariedades que estão vindas à tona.  Como no relato bíblico do apóstolo, vemos agora um "efeito Tomé" e para isto temos que colocar o dedo na ferida para comprovar a parcialidade do juiz.
             Podemos estar diante do maior escândalo institucional da história da República. Muitos seriam presos, processos teriam que ser anulados e uma grande farsa seriam revelada ao mundo. Vamos acompanhar com toda cautela, mas não podemos nos deter. Que se apure toda a verdade. E não sejamos incrédulos como Tomé.

Padre Carlos


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